29 de set. de 2009

Por produtividade em feriados, gestores apostam em planejamento.

Diante de dias não úteis, empresas adotam posturas distintas para manter produção em alta. Soluções, no entanto, podem gerar problemas motivacionais entre colaboradores. O que fazer para evitar dores de cabeça?

Rodrigo Capelo/MBPress
A vasta quantidade de feriados e emendas no Brasil é quase sempre criticada por empresários e políticos. O “excesso de folgas”, na visão deles, prejudica a produtividade nas corporações e freia o desenvolvimento do País. Por outro lado, funcionários aguardam ansiosamente pelas pausas no calendário para descansar ou viajar. Mas qual deve ser, afinal, a postura adotada por um líder nessas situações?

Antônio Durigan, dono da marca de cosméticos e perfumes Perffato, afirma não permitir que seus subordinados deixem de trabalhar em emendas. “O empregado brasileiro tem de aprender que o feriado é apenas em determinado dia”, justifica. “Deve ter a consciência de que o custo para manter um funcionário é exorbitante, e a empresa tem de cuidar de seus interesses.”

O empreendedor credita a “intolerância” à concorrência acirrada entre as corporações e faz previsões para o futuro. “O colaborador que não se adequar a este modelo está fadado a ser substituído por outro que receba o mesmo salário e produza um dia a mais”, prossegue. “Grandes empresas nem fazem mais esse tipo de concessão, e logo isso se estenderá a todos os negócios.”

A postura de Durigan reflete as consequências que a quantidade de feriados causa às empresas. A Perffato, por exemplo, tem uma perda de aproximadamente 50% em vendas nos meses com feriados, segundo estimativa de seu proprietário. Por isso, ele mesmo permanece trabalhando em pontes e feriados para reduzir os prejuízos.

Entretanto, a tentativa de coibir perda de produtividade não é uma preocupação apenas de empresários. Desde abril de 2007 tramita na Câmara dos Deputados projeto de lei que estipula a mudança de feriados que caiam às terças e quintas para as segundas e sextas. “Este movimento não existe à toa. Temos quatro meses desesperadores: fevereiro, abril, novembro e dezembro”, desabafa o empresário Almiro dos Reis Neto, presidente da consultoria de recursos humanos Franquality.

Segundo ele, esses são os meses que mais causam prejuízos devido ao excesso de feriados e pontes. “Isso é uma praga, não dá para trabalhar. Em um mês como esses, a produtividade vai para o espaço”, critica Reis. Ele ressalta que o setor mais prejudicado por essas pausas é o comercial, já que o industrial continua produzindo de uma forma ou de outra.

No entanto, obrigar o quadro de funcionários a dar expediente em emendas pode gerar problemas motivacionais. O líder tende a perder credibilidade perante os subordinados caso eles acreditem que não há necessidade de permanecer em atividade em determinados dias.

Por isso, o consultor da Franquality recomenda planejamento. “O chefe precisa programar previamente, de preferência no início do ano, quais dias serão trabalhados”, sugere Almiro dos Reis. “O pior é não esclarecer isso até o último momento, e então os funcionários não saberão se podem ou não programar uma viagem com a família – e isso é tão ruim quanto não ter o feriado.”


Fonte: www.abril.com.br

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